Sem um Adeus

07:11

 

Hoje tenciono deixar-te, com lágrimas que fluem pelo meu rosto, um pequeno grande bilhete no lugar mais seguro do mundo, no coração da tua alma, sei que tu o irás ouvir com todo o amor… 

Ainda me custa falar de ti mas, assustadamente, vejo que tenho aprendido a lidar com isto e, de certa forma, aprendi que se aprende com tudo que a vida nos dá, e hoje devo o meu presente a ti, que lutas para que o presente seja para mim, para a nossa família, e para ti… Devo-to a ti que nunca me irás deixar, que nunca me deixaste. 

Sei que te tenho do meu lado, não da mesma forma que o resto do mundo, mas da forma que nunca ninguém vai entender, da forma que só eu entendo, que só eu sinto, que só eu tenho. 

Aqui vou eu, mais uma vez, entranhando a carne do meu corpo duro, escurecido pelo teu sol, no pó que corta, lentamente, sem problemas, pressinto reconforto e levanto-a sem dó, insossa, com medo que ela se abafasse pelo ar de quem já se foi, de quem se dilui no vento e consegue, somente, cantar-me ao ouvido. 

Aqui vejo eu… A saudade de quem nunca esqueceu, as mágoas de um receio perdido. 

Como se me possuísses sem saber, ocultada pelas forças de quem nunca me vai ver, ter, tocar, sentir? Aqui te vejo eu… Aqui pertenço eu. Aqui me entrego eu, desnudada, pés no azulejo por esquentar, cabelos libertados pelo refrescar do vento e corpo, sim corpo, corpo sem pano, corpo desnudado, a caminho de ti, em ti, arrepiado, perdendo a cor, clareando-se, substituindo a matéria sangrenta por matéria aquosa, olhos límpidos, cada vez mais clara, transparência abarcada, sinto-me molhada, sou molhada, agora sou água, sou tu, tomaste-me parte, pertenço-te. És o meu mar e estou em ti como estás em mim! 

És ser conjugado na variedade de verbos, esvoaçando o infindável número de adjetivos e com a capacidade de ser caracterizado por uma diversidade de nomes, portanto, esquece as definições, não as obtenho, elas são como peixes no mar: embatem no vento constantemente, e colidem comigo – admito -, mas não encontro as que definem com calma a confiança da trajetória das tuas linhas… 

 

Não tive a oportunidade de te dizer o quanto te amo pela última vez 

Não tive a oportunidade de dizer que vou sentir a tua falta. 

Ninguém me disse que irias partir, 

Dói, dói imensamente, e eu nunca te disse um Adeus. 

 

Onde estás agora? Por favor, fala comigo. 

Mostra-te e deixa-me ver-te. 

Eu sei que não pode acontecer por muito que eu tente, por muito que eu queira. 

Tudo o que queria era um Adeus. 

 

Espero que estejas feliz onde quer que estejas,  

Ter-te-ei no meu coração, cada segundo, minuto, dia, semana, ano. Até ao meu último suspiro. 

Aos céus, gostaria de poder voar, 

Só para te dar um reconfortante Adeus. 

 

Terei sempre comigo os bons momentos que partilhamos, 

Quero que saibas o quanto eu realmente te amava. 

Até nos reencontrar-mos, 

 

Tudo o que me restava era a agonia de um corpo pálido, inerte, e agora eu sinto saudade desse calor - frio agora - do teu colo. Eu sinto saudades do teu choro, do teu sorriso, do teu abraço que me confortava. Sorri-me agora. Sê. Age. Olha-me. Fala-me, saúda-me, beija-me, abraça-me, e porque eu nunca te dei um adeus, volta… 

Tu eras o meu norte, meu sul, meu este e oeste, e por tudo te peço, recorda-me eternamente, porque nem mil palavras um dia explicarão o que me vai no coração! 

 

Amo-te, sinto a tua falta e, por agora, Adeus. 

 


 

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