até ao fim da minha eternidade!
04:21
Encontrava-me já frenético no parque em que fora
combinado.
Cantava e repetia as palavras de forma melodiosa para
que tudo saísse lindamente na tua presença, tinha tudo sabido, mas tinha noção de que
seria inesperado e, de certo modo, tinha receio de me atrapalhar.
Um fim de tarde de outono, e como era magnífico todo
aquele movimento adormecido.
Seria por entre aqueles suaves remoínhos de vento que
surgirias no teu andar tão incerto, mas coordenado, de cabelos esvoaçantes, e
olhar rasgado. Irias tentar manter-te séria, mas todo esse esforço resultaria
numa delicada gargalhada.
Mas enquanto esperava, debatia no meu interior sobre como
deveria beijar os teus lábios, e seria aí que relembrava tão carnudos e
irresístiveis lábios que me fariam perder o controlo e qualquer noção de “agora”.
De como iria puxar do bolso do casaco o meu pedido para a eternidade.
As folhas das
árvores bailavam à melodia do vento numa dança tão alegre e tão nostálgica.
Todos aqueles tons de castanho me relembrariam a
minha infância, as correrias, as gargalhadas e o entusiasmo da nova canção que
havia aprendido na escola.
O tempo ia passando, e eu friccionava as minhas mãos
numa tentativa de me aquecer, enquanto olhava em meu redor na esperança de te
ver na correria habitual dos teus atrasos.
Desnudava o pulso, verificava o relógio e tu nunca
chegavas e no telemóvel nem uma mensagem.
Encontrei-te, finalmente, hoje. De sorriso na cara,
pálida, inerte e de uma beleza mórbida que gera toda uma tempestade em mim.
Após todos os debates anteriormente realizados, abordo
os teus lábios, gélidos e suaves.
“Seja de que forma for, prometo amar-te até à minha
eternidade.”, tiro, enfim, a pequena caixa do meu bolso, abrindo-a enquanto
sinto uma lágrima fluir pelo meu rosto, tão lenta quanto o tempo, removo o
pequeno anel introduzindo-o no seu delicado dedo.
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