Até mais...

15:31


A mente não mente. Loucos são como crianças: incapazes de mentir.
Uma depressão, um ataque de pânico ou uma crise de ansiedade somente podem ser compreendidos por quem já os vivenceou. Caso duvides disso, pede a alguém que te tente explicar como é uma dor de cabeça, como se nunca tivesses tido uma. A sensação da dor mental é horrível. Ficas numa zona nebulosa entre a lucidez e a loucura. O fato de não perderes a consciência é duro, muito duro.
A vontade de matar o pensamento vem à tona: eis a natureza do suicídio. Sinceramente, o inferno não pode ser pior. De tão inexplicável e dolorosa que são os sintomas, algumas pessoas costumam dizer: isto é desumano, não desejo nem ao meu maior inimigo. Medo da morte, medo de ficar louco e medo de perder o controle de si mesmo são sintomas comuns. Não há como explicá-los. É como dizer a quem nunca teve dor de dentes, o que é uma dor de dentes. Para tudo há uma solução, exceto para a morte. As soluções são ótimas aliadas.
Bom, o que hoje eu quero dizer é que ando a pensar seriamente em abandonar o blog, pode ser temporário mas pode também ser definitivo... Eu criei este blog no intuito de desabafar sem ser julgada e quando comecei a perceber que afinal tinha mais gente como eu por aí. Utilizei este blog como uma espécie de diário e aqui relatei todo o meu sofrimento ao longo dos tempos. E, apesar da vontade de ajudar eu apenas falava era de mim embora uma vez por outra dessa algum apoio. Na verdade eu devo a minha vida ao meu blog porque, quando eu queria
Imaginei que depois de colocar aqui toda a dor pela qual estava a passar, eu começaria a reorganizar a minha vida e meus posts passariam a ser mais sobre a vida do que sobre a depressão.
Não foi o que sucedeu... Passei anos de sofrimento e esses anos foram descritos aqui.
Gostava de ter ajudado mas na verdade eu não fui ajuda nenhuma.
Os meus posts foram crus embora verdadeiros, tristes, amargos...
Isso também foi bom.
Durante estes anos em que escrevi aqui, eu tive um lugar onde pude falar de tudo, sem culpa, sem ninguém para me julgar, sem gente sem moral. E assim, eu consegui olhar para os meus problemas, examiná-los de perto, elaborá-los de alguma forma. Tal como já disse, eu devo minha vida a este blog, que em muitos momentos difíceis: poder vir aqui e escrever foi libertador, redentor, salvador...
Mas na realidade eu sinto que este blog me mantém presa aos fantasmas passado, passo os dias a remoer, repetir e a sofrer mais do que é "suposto".
Eu, que no início tinha a intenção de escrever até a minha dor passar, passei a sentir a necessidade de escrever aqui, mais e mais... Sentia-me a repetir as mesmas tristezas e a reviver a pressão e o sofrimento que já passou. Fiquei agarrada ao sofrimento e por muito que admita precisar de um intervalo ou talvez de uma reforma de tudo isto, eu sei que se não tomar medidas, se não fizer decisões, escolhas, se não colocar em prática, nunca me irei salvar a mim própria... E como posso eu ajudar-vos a vocês sem me ajudar a mim? Bem, estou esgotada e o melhor mesmo é retirar-me.
Quis tanto ajudar os outros que me esqueci de mim e todo o peso que carrego já não me permite levantar, desculpem-me sinceramente mas eu não aguento muito mais este vício de ler e escrever, relembrar e "reviver" todas as coisas difíceis e dolorosas que me rodeiam.

Pode ser um até já, pode ser um até nunca.
Fico-me pelo até mais.

Força, muita força!

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