algumas noites vais
sentir
que existem centenas
de galáxias
a explodir por cada
centímetro de ti
e que estás a brilhar
demasiado
para ser sequer
olhado diretamente,
e algumas noites vais
sentir-te
impossivelmente pequeno
como se o teu corpo
pudesse penetrar-se
por entre os pequenos
espaços entre os átomos
e que nunca voltarás
a este mundo novamente,
e algumas noites vais
sentir-te
como um maço de
folhas-
cuidadosamente
empacotado
facilmente
destruível, frágil
demasiado
delicada para ser sequer tocado,
e
algumas noites vais sentir que cada célula do teu corpo
é
feita de toda a força que gera o mundo – todo o mundo –
e
isso não é mau porque tu és feito de um projeto,
um
rabisco,
um
rascunho,
e
minúsculos átomos e ossos facilmente quebráveis
e
blocos de construção
de
tudo no universo,
e
nunca estás demasiado vivo para nunca ser nada que não humano.